Tudo o que você deveria saber sobre a TR – Taxa Referencial

Resumo do texto

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Você já se perguntou o que é a Taxa Referencial (TR) e por que ela aparece em tantos contratos e produtos financeiros? Apesar de muitas vezes passar despercebida, ela está diretamente ligada à rentabilidade de investimentos e até ao saldo de financiamentos.  

Neste artigo, vamos descomplicar esse índice explicando sua origem, como ele funciona e de que forma impacta o dia a dia de trabalhadores, investidores e consumidores. 

O que é TR – Taxa Referencial? 

A Taxa Referencial (TR) é um indicador econômico criado no Brasil no início da década de 1990. Seu objetivo inicial era controlar a inflação e reduzir a dependência de ajustes automáticos de preços, comuns na época, em um contexto de inflação extremamente alta e descontrolada. 

Atualmente, a TR desempenha um papel menor no cenário econômico, mas ainda é utilizada como parte da rentabilidade de produtos financeiros, como poupança, FGTS e financiamentos imobiliários. 

A importância da Taxa Referencial 

Embora não seja mais um instrumento de controle da inflação, a TR permanece relevante em diversas aplicações financeiras. Produtos como poupança e financiamentos imobiliários utilizam a TR para corrigir valores e ajustar rendimentos.  

Assim, mesmo que a taxa esteja zerada desde 2017, ela continua sendo um indicador essencial em contratos que a adotam como referência. 

Como calcular a Taxa Referencial? 

O cálculo da TR é realizado pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e segue a seguinte fórmula: 

Passo 1: Calcular o Redutor (R) 

O redutor ajusta a influência da Tarifa Básica Financeira (TBF) sobre a TR. Ele é calculado da seguinte forma: 

R= a + b × TBF 

Onde: 

  • a é um valor fixo igual a 1,005 (definido na criação da TR) 
  • b é um fator que depende da TBF, divulgado pelo Bacen 
  • TBF, sigla para Taxa Básica Financeira, é um indexador utilizado como referência para estabelecer as taxas de juros de transações realizadas no mercado financeiro. 

Exemplo: 

Vamos supor que a TBF seja 6% ao ano. Para encontrar o valor do redutor, precisamos do fator b, que o Banco Central divulga periodicamente. Se o fator b for, por exemplo, 0,5, o cálculo do redutor seria: 

R= 1,005 + 0,5 × 6 = 1,005 + 3 = 4,005
 

Passo 2: Aplicar a Fórmula da TR 

Agora, com o redutor calculado, podemos aplicar a fórmula para encontrar a TR: 

TR= 100 × {[((1 + TBF)/100) / R] – 1} 

Seguindo o exemplo acima, ficaria:  

TR= 100 × {[((1 + 6)/100) / 4,005] – 1} 

O Banco Central também oferece a Calculadora do Cidadão, uma ferramenta que permite consultar a taxa referencial vigente e simular correções e ganhos de investimentos baseados nesse indicador. 

Por que a Taxa Referencial fica zerada? 

A Taxa Referencial ficou zerada entre outubro de 2017 e novembro de 2021, e permanece assim até 2025. Isso ocorre porque a TR está indiretamente atrelada à remuneração dos títulos públicos, que serve como base de cálculo da TBF.  

Quando os juros básicos da economia (Selic) estão baixos, a TBF – e, consequentemente a TR – também fica reduzida. 

De acordo com especialistas, o redutor aplicado no cálculo da TR impede que ela apresente valores negativos. Sempre que os juros caem a ponto de levar a TR abaixo de zero, ela é ajustada para permanecer zerada por convenção do Banco Central. 

Qual a diferença entre TR mensal e TR diária? 

A principal diferença entre a TR diária e a TR mensal está na forma como são calculadas e para quais finalidades são usadas.  

A TR diária é calculada pelo Banco Central todos os dias com base na Tarifa Básica Financeira (TBF) daquele dia, sendo aplicada principalmente para corrigir valores de curto prazo.  

Ou seja, quando um valor precisa ser corrigido rapidamente, como no caso de um investimento ou dívida com prazo menor que 30 dias, utiliza-se a TR diária. 

Por outro lado, a TR mensal é o somatório de todas as TRs diárias de um mês. Esse valor acumulado é utilizado para corrigir valores de médio e longo prazos, como no caso de financiamentos imobiliários, contratos de aluguel ou outras operações que envolvem prazos mais longos.  

Portanto, a TR mensal é uma média das variações diárias ao longo do mês e serve como referência para ajustes em períodos mais longos. 

Qual o valor da Taxa Referencial hoje? 

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central, a Taxa Referencial continua zerada em 2025. Essa condição reflete a política monetária atual, caracterizada por baixos níveis de inflação e juros controlados. 

Taxa Referencial – Histórico 

Abaixo, você encontra a tabela com o histórico da Taxa Referencial (TR) dos últimos 12 meses. Ela apresenta a variação da TR a cada mês, o acumulado no período e a evolução anual.  

Esses dados são úteis para acompanhar a tendência da TR e entender como ela tem se comportado ao longo do tempo. Confira as informações detalhadas: 

Deslize para mais informações

Data 

Variação  Variação no Período 

Acumulado 12 meses 

02/2024 

0.0079%  0.01% 

1.56% 

03/2024 

0.0331%  0.04% 

1.35% 

04/2024 

0.1023%  0.14% 

1.37% 

05/2024 

0.087%  0.23% 

1.24% 

06/2024 

0.0365%  0.27% 

1.10% 

07/2024 

0.0739%  0.34% 

1.01% 

08/2024 

0.0707%  0.41% 

0.87% 

09/2024 

0.0675%  0.48% 

0.82% 

10/2024 

0.0977%  0.58% 

0.81% 

11/2024 

0.0649%  0.64% 

0.80% 

12/2024 

0.0822%  0.73% 

0.81% 

01/2025 

0.169%  0.90% 

0.90% 

Fonte: Bacen 

Como a taxa referencial TR pode afetar investimentos e financiamentos? 

A Taxa Referencial (TR) influencia uma série de produtos financeiros, desde investimentos até financiamentos.  

Sua variação, embora pequena, pode afetar diretamente o rendimento de contas e o saldo devedor de dívidas 

A seguir, vamos ver como a TR impacta especificamente o FGTS, um dos principais direitos dos trabalhadores no Brasil. 

TR no FGTS 

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), criado para formar uma reserva financeira para trabalhadores regidos pela CLT, utiliza a TR para calcular parte de sua rentabilidade.  

Essa taxa é composta por 3% ao ano + TR, o que significa que, mesmo com a TR zerada, o saldo no FGTS cresce anualmente devido à remuneração fixa. 

Imagine que um trabalhador tenha R$10.000 acumulados no FGTS. Com a TR zerada, esse montante ainda renderá 3% ao ano, o que equivale a R$300. No entanto, caso a TR subisse para 0,5% ao ano, o rendimento total seria R$350 (R$300 + R$50).  

Embora o impacto pareça pequeno, ele se torna significativo em contas com valores mais altos ou em períodos de aumento da TR. Portanto, a variação da TR afeta diretamente quanto o trabalhador acumula ao longo do tempo. 

TR na Poupança

A caderneta de poupança é corrigida pela TR nos seguintes cenários: 

  • Selic ≥ 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% ao mês mais a variação da TR. Por exemplo, se a TR for de 0,1% no mês, o rendimento total será de 0,6% 
  • Selic < 8,5% ao ano: a rentabilidade é de 70% da Selic mais a TR. Assim, se a Selic estiver em 6% ao ano e a TR zerada, o rendimento será de 4,2% ao ano (70% de 6%). 

Para o consumidor, isso significa que a TR, embora pequena ou até zerada, impacta diretamente no rendimento da sua poupança. 

Em períodos de alta da TR, o ganho pode ser ligeiramente maior, mas, quando zerada, a poupança depende unicamente das variações da Selic. 

Imagine, por exemplo, um depósito de R$10.000 na poupança: 

  • Com a Selic em 6% ao ano e TR zerada, o rendimento será de R$35 por mês 
  • Caso a TR suba para 0,1% no mesmo cenário, o rendimento sobe para R$36 por mês. 

Esses pequenos ajustes podem parecer insignificantes, mas acumulam impacto ao longo dos meses, especialmente para valores maiores ou prazos mais longos. 

Saiba mais em: CDB ou Poupança? Saiba onde investir para fazer o seu dinheiro render mais!

TR no Financiamento Imobiliário 

Os financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) utilizam a TR como parte do cálculo de correção monetária.  

Isso significa que o saldo devedor do financiamento é atualizado mensalmente, de acordo com a TR + a taxa de juros contratual 

Vamos a um exemplo prático para ilustrar: 

Imagine que você tenha um saldo devedor de R$ 200.000 em um financiamento imobiliário, com juros de 8% ao ano e uma TR de 0,1% no mês. A atualização seria calculada assim: 

  1. Juros mensais: 8% ao ano equivale a 0,6667% ao mês, resultando em um acréscimo de R$ 1.333,40 ao saldo devedor 
  2. Correção pela TR: com uma TR de 0,1% no mês, o saldo devedor é reajustado em mais R$ 200 (0,1% de R$ 200.000). 

Após esses ajustes, o novo saldo devedor seria de R$ 201.533,40. Esse impacto da TR, embora pequeno em valores absolutos, pode representar uma diferença significativa ao longo dos anos de financiamento, especialmente em contratos de longo prazo.  

O saldo devedor é reajustado mensalmente pela TR + taxa de juros contratual, garantindo que o valor do financiamento acompanhe as condições econômicas. 

TR nos Títulos de Capitalização 

Os títulos de capitalização são produtos financeiros vendidos como uma alternativa de poupança, mas com um formato diferente.  

Embora sejam frequentemente promovidos como uma maneira de economizar enquanto participam de sorteios de prêmios, esses títulos têm características que os tornam menos atraentes como investimentos.  

A rentabilidade desses títulos está atrelada à TR, mas, além disso, geralmente não há juros adicionais ou remuneração significativa. Isso significa que o rendimento depende diretamente da variação da TR, que, com sua tendência de ser baixa ou até zerada, acaba oferecendo retornos modestos. 

Ao contrário de investimentos como a poupança, que sempre garante um rendimento adicional além da correção pela TR, os títulos de capitalização podem não gerar lucros significativos, o que reduz sua atratividade para quem busca rentabilidade.  

Embora os títulos de capitalização possuam sorteios, a rentabilidade em si não costuma ser competitiva com outras opções de investimento que oferecem ganhos mais robustos. 

Saiba mais em: O que é ETF? Um guia para investir nesse ativo

TR nos Títulos Públicos 

Os títulos públicos, como as NTN-H e NTN-P, eram historicamente atrelados à TR, o que significava que parte dos seus rendimentos estava vinculada à variação dessa taxa. Esses títulos permitiam que os investidores recebessem uma rentabilidade corrigida pela TR, além de uma taxa de juros fixa.

No entanto, atualmente esses títulos não estão mais disponíveis para compra, embora aqueles que os adquiriram no passado ainda recebam rendimentos baseados na TR. 

É importante destacar que, embora esses títulos tenham sido populares em determinado período, hoje há opções mais vantajosas para quem busca investir em títulos públicos, como o Tesouro Selic, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA 

Estes oferecem potencial de rentabilidade mais interessante, sendo mais adequados para quem quer fazer investimentos de longo prazo com maior retorno.  

E aí, entendeu como a TR afeta suas finanças? 

Embora a Taxa Referencial (TR) tenha sido criada para ajudar na estabilização econômica do Brasil, muitos ainda não percebem como ela continua influenciando uma variedade de produtos financeiros, mesmo estando zerada há anos 

A TR impacta desde o rendimento de contas, como o FGTS e a poupança, até o saldo devedor de financiamentos imobiliários. Compreender como ela funciona e afeta suas finanças é crucial para tomar decisões mais inteligentes e bem-informadas. 

Quer aprender mais sobre como as taxas e outros fatores afetam seus investimentos? Continue acessando nossos conteúdos e expanda os seus conhecimentos para tomar decisões financeiras mais inteligentes! 

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