Resumo do texto
- Descubra o que é economia comportamental;
- Veja como essa teoria explica a relação entre emoções e consumo;
- Saiba como usar a economia comportamental a seu favor!
Você é do tipo de pessoa que vai às compras em busca de satisfação emocional? Costuma se presentar com almoços em restaurantes quando acaba uma semana cansativa? A verdade é que as emoções podem influenciar bastante nos nossos gastos. Inclusive existe uma área que estuda esse fato, chamada de economia comportamental.
Essa disciplina fornece uma explicação do porquê algumas pessoas sentem o impulso de gastar e deixar de lado o planejamento econômico. Compreender essa influência pode te ajudar a ter uma vida financeira mais equilibrada.
Aqui você vai aprender qual a importância das finanças comportamentais e descobrir como utilizar esse conhecimento a seu favor.
O que é a economia comportamental?
A economia comportamental estuda como fatores emocionais, sociais, culturais e psicológicos influenciam nossas escolhas de consumo. Ela sugere que, em vez de considerar apenas a razão, as pessoas decidem com base em hábitos, experiência pessoal e gatilhos mentais.
Essa teoria busca entender por que às vezes gastamos demais, não economizamos dinheiro e investimos sem pesquisar. Essas escolhas impulsivas podem levar ao famoso arrependimento de compra ou, ainda pior, resultar em dívidas.
Quando surgiu a economia comportamental?
A economia comportamental surgiu na década de 50, quando pesquisadores começaram a combinar psicologia e economia para tentar entender como funcionavam as tomadas de decisão das pessoas.
Antes desse campo de estudo, a economia tradicional presumia que todos agiam de maneira racional ao lidar com dinheiro. No entanto, isso não explicava por que tantas pessoas se endividavam, tomavam decisões financeiras equivocadas ou perdiam boas oportunidades.
Foi pensando nesses casos que psicólogos resolveram pesquisar ainda mais sobre a relação entre finanças e comportamento ao longo dos anos 70. Além de analisar os indivíduos, a economia comportamental também estuda as marcas e tenta entender como algumas delas usam emoções e estímulos para convencer os clientes.
Tanto o Google quanto a Coca-Cola são exemplos de empresas que utilizam apelos emocionais em suas campanhas para se conectar profundamente com o público.
Richard Thaler e o “Nudge”
Richard Thaler é um economista estadunidense reconhecido por seus trabalhos no campo da economia comportamental. Inclusive, em 2017, recebeu o Prêmio Nobel de Economia pelas pesquisas na área.
Seu livro “Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth, and Happiness”, escrito com o professor Cass Sunstein, foi um dos responsáveis pela popularização da economia comportamental.
Nele, Thaler e Sunstein argumentam que, ao entender as tendências do comportamento humano, é possível criar incentivos para orientar os que forem tomar decisões.
Os estudos de Amos Tversky e Daniel Kahneman
Os psicólogos israelenses Daniel Kahneman e Amos Tversky publicaram, em 1979, o artigo “Teoria da Perspectiva”, que desafiava a teoria econômica tradicional. Nele, os autores demonstraram que as pessoas reagem de forma mais intensa a perdas do que a ganhos.
Os estudos de Tversky e Kahneman foram fundamentais para o desenvolvimento da economia comportamental e levou a uma revisão das teorias econômicas tradicionais.
Como funciona a economia comportamental na prática?
A economia comportamental entende que a tomada de decisão acontece por meio de diferentes fatores. Entenda:
Disponibilidade
As decisões são influenciadas pelas informações que estão frescas em nossa mente, como experiências pessoais recentes. Vamos supor que uma empresa apareceu bastante nas notícias nos últimos dias, é mais provável que as pessoas queiram investir em suas ações.
Confirmação
A tendência de buscar evidências que confirmem opiniões pré-existentes é comum na tomada de decisões. Como quando alguém procura apenas avaliações positivas de um produto, ignorando as opiniões negativas, para reafirmar sua preferência inicial. Isso pode gerar uma sensação de confiança na escolha feita.
Confiança
Nesse caso, a pessoa tende a ser excessivamente otimista, superestimando suas próprias habilidades ou avaliações. Isso pode levar a decisões financeiras arriscadas, como fazer negociações críticas ou conduzir a um planejamento financeiro inadequado.
Aversão a perdas
De acordo com esse viés, a dor de perder alguma coisa é bem mais intensa do que a de ganhar algo. Por causa disso, tendemos a arriscar mais para evitar perdas do que para obter ganhos.
Efeito manada
Quando nos deixamos influenciar pelas escolhas de outros, mesmo sem concordar. Isso acontece em situações como quando estamos em uma cidade desconhecida e decidimos ir ao restaurante mais movimentado, mesmo com outras opções disponíveis.
Sunk cost
O viés do custo afundado, também conhecido como sunk cost, ocorre quando alguém já investiu recursos (tempo, dinheiro, esforço) em uma decisão e, por causa disso, tende a continuar mesmo que não obtenha benefícios.
É o caso daquela pessoa que entrou na faculdade, mas depois de dois ou três anos descobre que não se identifica com o curso. Como já perdeu tempo e o dinheiro das mensalidades, insiste em terminar a graduação mesmo que não queira atuar na área.
Como utilizar as finanças comportamentais para tomar decisões?
As pesquisas da área mostram que as pessoas sabem que precisam economizar, mas poucas tomam uma atitude. Um dos desafios é acabar com esse problema através de pequenas mudanças no dia a dia, usando a economia comportamental a seu favor!
Aproveite o pré-compromisso
Ao estabelecer um objetivo financeiro, comprometa-se com ações que te ajudem a alcançá-lo. Isso pode envolver reduzir custos domésticos, pagar as contas fixas com débito automático, separar um valor para reserva de emergência, etc. Assim, gastos desnecessários são evitados.
Saiba lidar com momentos de transição
Mudança de emprego ou de cidade, assim como outras transições, podem levar a decisões financeiras impulsivas, como comprar um sofá novo para sua casa, mesmo tendo um em perfeito estado.
Nesses momentos, procure avaliar as consequências dessas escolhas para não fazer nada precipitado e acabar ficando no aperto depois.
Prefira valores pequenos
Isso envolve focar nos pequenos passos necessários para alcançar uma meta grande. Dessa forma, o objetivo parece mais fácil de alcançar e você se sente mais motivado para continuar economizando.
Digamos que você queira fazer uma viagem que custa R$ 5.000 daqui a um ano. É um valor alto. Seria mais fácil separar R$ 400 todo mês, não é mesmo? Assim, ao final do período, você terá o necessário para viajar.
A relação entre a economia comportamental e a ansiedade
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros sofrem com ansiedade, e alguns estudos investigam a relação desse sentimento com dinheiro.
Uma pesquisa do Instituto de Políticas sobre Dinheiro e Saúde Mental, do Reino Unido, revelou que a ansiedade pode afetar a maneira como gastamos.
O estudo revelou que quando os entrevistados se sentem ansiosos, tomam péssimas decisões financeiras. Segundo os resultados, 93% das pessoas gastam além do necessário, cerca de 50% faz empréstimos sem necessidade e 71% deixam de pagar suas dívidas.
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